Não deve haver no mundo sensação mais estranha, e até mesmo angustiante, do que aquela que temos quando estamos aborrecidos, ou deprimidos, ou assustados, devo dizer talvez, em vez de assustados, inquietos com algum assunto, de que o mundo parou, mas tudo à nossa volta continua a correr, sensação que nos deixa confusos com a velocidade com que tudo continua a decorrer à nossa volta. O nosso cérebro, a nossa alma, o nosso coração estão tão mergulhados em alguma coisa, que simplesmente não somos capazes de ver a velocidade a que as pessoas andam, a que as pessoas falam, a que as pessoas respiram! É sufocante, deixa-nos numa solidão terrível. Não digo que estejamos sozinhos, nem digo que seja motivo para entrar em depressão, nem critico o mundo, não desta vez. Porque desta vez nada tem culpa, nós mesmos é que não aguentamos a velocidade do mundo. Eu já não aguento a velocidade do mundo. Não quero correr ao lado dele, mas pior que isso, não o quero ver passar a correr. Não penso que seja necessário estarmos com um mau estado de espírito para que isto aconteça, só dei este exemplo, porque é quando esta sensação é mais frequente e avassaladora. A sensação que nos faz implorar mentalmente ‘larga-me, larga-me, larga-me’ ou ‘cala-te, cala-te, cala-te’ não por estarmos zangados, não por sermos maus, simplesmente porque já não aguentamos o mundo. A sua velocidade, o seu ritmo, o seu batimento cardíaco de mil quilómetros por hora! Não consigo ver o gesto mais lento, que me confunde, o simples tirar de um telemóvel ou de um Ipod me enlouquece, e o barulho das pessoas a falar é ensurdecedor. Por vezes, quero mesmo, mesmo tirar umas férias por cima de uma nuvem.
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