10 março 2009

Política

Hoje, numa aula minha, levantou-se um problema com uma colega nossa, com problemas de saúde, que graças ao novo regime de faltas vai ser mais prejudicada do que alguns colegas nossos que faltam às aulas sem qualquer motivo.
Enquanto protestávamos, o nosso professor de latim olhou para nós e disse ‘vocês têm o que merecem, se são contra estas coisas, deviam lutar contra elas, o meu tampo já lá vai, e eu já lutei pelo meu mundo e pelo meu tempo, lutem agora pelo vosso’.
Há já alguns dias que ando a reflectir nisto, e na quantidade inacreditável de pessoas que ainda hoje ouvem Beatles, ou Bob Dylan, nas quais eu estou incluído, e levou-me a pensar: ‘Porquê este revivalismo? Para quê olhar para o passado, se não estamos a lutar por algo mais importante do que o passado, o presente?’ é verdade! Não nego que estes activistas passados, estes mestres, estes pacifistas não mereçam ser recordados, claro que merecem! Temos de os recordar, temos que pensar neles com nostalgia, com amor, mas acima de tudo, com respeito.
Será que respeitamos estes lutadores, os movimentos hippies, o 25 de Abril, a revolução sexual, ao ficarmos calados, e assistir ao mundo político que desaba à nossa volta, e pura e simplesmente recordar os ‘bons velhos tempos’ dos quais nem fizemos parte? Se o John Lenon fosse vivo, queria fama? Ou queria que lutássemos contra tudo isto?
Hoje em dia, ao falar com vários jovens, começo a ganhar consciência de que mais jovens do que pensamos não querem nada da política, estão dispersos, desiludidos, traídos. Alguns até me perguntam ‘Para quê lutar? Isto nunca muda!’ e até mais grave ‘Eu não compreendo aquilo porque estou a lutar.’
Toda a gente se sabe queixar da forma cobarde, todos sabem dizer que Portugal é um País decadente, todos sabem que querem fugir para o estrangeiro, mas nem metade desse número se junta para lutar contra o mundo em que vivemos. De facto, assinar um abaixo-assinado é uma forma de luta, mas é uma forma de luta extremamente confortável, em que quem a organiza faz tudo, e nós só temos de lá colocar o nosso nome! A maioria dos jovens até aos 16 anos nem sequer sabe as diferenças entre os partidos portugueses, e mais grave, não se tenta informar, esta situação é levada ao extremo quando alguns nos perguntam o que é a esquerda e a direita, ou pior, ‘quais são os bons?’, como se o mundo se dividisse entre príncipes e lobos maus!
É necessário que enchamos manifestações, que gritemos, que escrevamos, que juntemos pessoas! Pessoas com argumentos, e não meia dúzia que vai para uma manifestação com ideais definidos e bons argumentos, juntamente com mais 30 que não sabem do que se trata! Os jovens necessitam de se informar! De aderir a movimentos! Lutar! Gritar! Estamos desesperados por um Guru! Um líder! Dêem-nos uma nova inspiração, um novo lutador, uma réstia de esperança para este País e este mundo podre onde vivemos, que a cada dia se torna mais podre porque ninguém luta por nada, e todos esperam que os outros lutem! Este mundo podre, porque nos agarramos aos Beatles, sem nunca perceber a sua mensagem! Sem nunca lutar por ela! Sem criar um mundo melhor para nós! Para os nossos filhos!
Temos todos de dar as mãos! Vamos a manifestações! Elas continuam a existir! Vai haver uma dia 24 deste mês! Vamos unir-nos contra tudo aquilo que a cada dia que passa nos destrói o futuro! Nos deturpa a educação, e, acima de tudo, nos deforma a realidade, a verdade, e aquilo a que todos os seres humanos têm direito, a liberdade! Não se deixem apanhar nesta teia que vos reprime aquilo porque gerações passadas lutaram! Não deixem que pensem por vós! Não se agarrem ao passado! Juntem-se pelo futuro! Há sempre esperança! A sério.... ou então a vida não vale a pena.

1 comentário:

  1. É destas angústias e destes anseios que nascem as revoluções.
    Parabéns pelas tuas palavras.
    E espero que os da tua geração as compreendam.
    Um abraço

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