Hoje em dia, todos os alunos, mais novos ou mais velhos têm por ano uma quantidade incontável de professores, que lhes são atribuídos aleatoriamente.
No meio desses professores, e talvez noutras situações que são vividas fora da escola, começam realmente a surgir os Mestres, que podem ser um, dois ou mil, mas que nunca são atribuídos de forma aleatória.
O Mestre é aquele que sabe exactamente tudo aquilo que nós queremos aprender, é aquele que nos faz evoluir e crescer por dentro, nos estimula a melhorar, e nos causa um carinho de tal forma forte, que nos preocupamos com ele em todas as situações.
Quando um Mestre emerge nas nossas vidas, apesar de nem sempre o compreendermos, nunca o criticamos realmente, porque nos sabemos inferiores, e tudo aquilo que desejamos é conseguir absorver todas as pingas de informação que ele disponibilize para nós. A relação Mestre-aluno passa por muito mais que a simples aprendizagem de uma matéria ou disciplina, passa sim por um enriquecimento mutuo, muitas vezes emocional.
Não há maior perda para um Mestre, que a de um aluno, seja uma perda mais física, ou seja uma perda mais espiritual, como por exemplo uma desistência, um desrespeito ou uma traição.
No entanto vos digo com toda a certeza, poucas no mundo são as perdas pessoais que podem superar a dor da perda de um Mestre.
Quando um Mestre é perdido, ou quando sentimos que o estamos a perder, fica a triste sensação de que ainda há muito que aprender, e que nunca ninguém nos poderá ensinar da mesma forma. Sobra apenas um vazio, uma espécie de ralo por onde se começa a esvair tudo aquilo que crescemos emocionalmente. É claro que nunca se esvairá, mas parece que ainda podíamos ter ganho tanto, e ganhamos tão pouco.
Talvez a culpa até seja do aluno, que não soube como manter o Mestre ‘vivo’, e ainda que não seja, nunca deixará de se culpabilizar. Trabalhará o dobro, e investirá ainda mais fortemente naquilo que aprendia, só para ter a certeza de que sobrou alguma coisa do Mestre, que não foi só um momento, que os seus ensinamentos se prolongam e prolongarão durante toda a sua vida, e dos possíveis alunos que virá a ter.
Digo que nunca nenhuma pessoa estará completa se não tiver pelo menos um Mestre na vida. E que a perda de um Mestre é capaz de abalar até o coração mais frio.
NOVO PRAZO - do concurso literário
Há 6 meses
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