19 maio 2009

A perda de um Mestre é capaz de abalar até o coração mais frio.

Hoje em dia, todos os alunos, mais novos ou mais velhos têm por ano uma quantidade incontável de professores, que lhes são atribuídos aleatoriamente.
No meio desses professores, e talvez noutras situações que são vividas fora da escola, começam realmente a surgir os Mestres, que podem ser um, dois ou mil, mas que nunca são atribuídos de forma aleatória.
O Mestre é aquele que sabe exactamente tudo aquilo que nós queremos aprender, é aquele que nos faz evoluir e crescer por dentro, nos estimula a melhorar, e nos causa um carinho de tal forma forte, que nos preocupamos com ele em todas as situações.
Quando um Mestre emerge nas nossas vidas, apesar de nem sempre o compreendermos, nunca o criticamos realmente, porque nos sabemos inferiores, e tudo aquilo que desejamos é conseguir absorver todas as pingas de informação que ele disponibilize para nós. A relação Mestre-aluno passa por muito mais que a simples aprendizagem de uma matéria ou disciplina, passa sim por um enriquecimento mutuo, muitas vezes emocional.
Não há maior perda para um Mestre, que a de um aluno, seja uma perda mais física, ou seja uma perda mais espiritual, como por exemplo uma desistência, um desrespeito ou uma traição.
No entanto vos digo com toda a certeza, poucas no mundo são as perdas pessoais que podem superar a dor da perda de um Mestre.
Quando um Mestre é perdido, ou quando sentimos que o estamos a perder, fica a triste sensação de que ainda há muito que aprender, e que nunca ninguém nos poderá ensinar da mesma forma. Sobra apenas um vazio, uma espécie de ralo por onde se começa a esvair tudo aquilo que crescemos emocionalmente. É claro que nunca se esvairá, mas parece que ainda podíamos ter ganho tanto, e ganhamos tão pouco.
Talvez a culpa até seja do aluno, que não soube como manter o Mestre ‘vivo’, e ainda que não seja, nunca deixará de se culpabilizar. Trabalhará o dobro, e investirá ainda mais fortemente naquilo que aprendia, só para ter a certeza de que sobrou alguma coisa do Mestre, que não foi só um momento, que os seus ensinamentos se prolongam e prolongarão durante toda a sua vida, e dos possíveis alunos que virá a ter.
Digo que nunca nenhuma pessoa estará completa se não tiver pelo menos um Mestre na vida. E que a perda de um Mestre é capaz de abalar até o coração mais frio.

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