
Abro os olhos.
Não sei quem sou, não sei onde estou ou porquê...não sei quem está ao meu lado.
O céu azul cobre-nos, e por toda a areia estranhos reflexos doirados tendem a ofuscar-me a alma, como se um enorme tesouro se estendesse à minha frente.
Entre o céu e a terra está uma rosa, suspensa no ar. Porque estará ela suspensa no ar? Quem sabe... talvez se tenha fartado da sua pequenez terrena, talvez nos esteja agora a mostrar o quão pequenos somos nós. E eu olho-a, desprovido de memória, sem medo. Não há razões para ter medo, nada me acontecerá. Não sou eu com certeza a personagem principal, sou pequeno demais ! Sou como um minúsculo figurante num quadro surrealista, e enquanto críticos de arte se esforçam por encontrar um significado metafísico para esta flor que voa, eu limito-me a observá-la. Frente a frente. Esquecido por todos. Não poderei jamais descrever a sensação, precisamente por ser algo que nunca ninguém sentiu. Ninguém poderá perceber porque voa ela. Talvez estejamos todos enganados, e não haja nenhuma razão. Talvez voe apenas porque voa, tal como algumas estão na terra.
Sou minúsculo.
A sombra da rosa cobre-me...e começo a ter frio...
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