26 abril 2010

Já não chove sangue lá fora

Já não chove sangue lá fora.
Os estrondosos tambores de osso deixaram de soar
e os trovões silenciaram.
O pus e o sangue pestilentos espalhados por cima de tábuas e pregos de cruzes e arcas
esquecidas
Começam a dar lugar a tímidas folhas, para que floresçam.
As nuvens vermelhas, a morte, a decadência, e o desespero, começam a dar lugar à
bonança.
E tímidos raios de luz, que em breve se tornarão num Sol estival,
prometem que toda a vida anteriormente destroçada começará, passo a passo, a
revelar-se e a tomar forma
Em breve o sangue transformar-se-á em doce orvalho primaveril!
E, lentamente, a esperança começa a viver de novo.




Dedicado a F. P.

2 comentários:

  1. Simão,

    tentarei fazer com que o meu poema chegue hoje às tuas mãos, mas não por blog. Não me tentando proteger com uma falsa modéstia, digo-te que não é nada de especial: fi-lo numa noite, e não voltei a mexer nele. Acho que lamento por isso. Podia ter sido mais.

    Obrigado pelo comentário. Ando já há algum tempo para falar contigo sobre um assunto: o teu poema. Nem é falar, visto não esperar uma resposta; acho que é mais esperar que me leias sobre o assunto. É só que...precisava de te confessar que o primeiro verso do teu poema mudou a minha vida. Tipo, bastante literalmente. E, Simão, isso apenas com um verso. Lembro-me bem: quando disseram o teu nome (era expectável ;))fiquei mesmo contente por ti, o mais sinceramente possível, porque sabia que, independentemente do que tivesses escrito, seria algo magnífico e digno de ser premiado. Mas depois sucedeu-se o incipit do dito cujo poema...

    Simão, são tão raras e cada vez mais raras as vezes em que a Literatura ainda me dá um estalo na cara. O teu poema deu-me um; e com força. Tal força que chorei. Não o vou admitir nunca senão ao escritor do mesmo, e se mo perguntarem nego. Mas a verdade é que chorei. É tão belo, e nem tive necessidade de o associar a algum tipo de conotação. Apenas a arte pela arte. Sem pensar nunca em ti. Apenas o verso. Pegaste numa das melhores imagens da vertente da perdição de Camões e deste-lhe não só um ímpeto diferente como mais belo. E, epá, estás mesmo de parabéns. Estou certo de que já foste mui congratulado, mas mas um bajulador nunca é demasiado. ;)

    Quanto ao teu conto, admito, não o quis ler, quando me deram o livrito. Tinha medo que sentisse que me tivesses ultrapassado. Mas revolto-me, ainda que silenciosamente (há quem não consiga mais que isto), contra o facto de não teres ganho um prémio. Merecias. Comparemos o teu conto com o conto que ficou em segundo lugar, e logo vamos perceber que um deles ficou muito aquém; e cuido que não tenha sido o teu, por isso... faz as contas.

    Não me quero estender mais, não me devia ter estendido tanto, sequer. Desejo-te a continuação de uma boa escrita, de uma boa vida e de um bom, enfim, tudo o que um poeta do teu nível necessita.

    Cordialmente,
    João

    P.S.-A tua teoria e do Guilherme? Plenamente de acordo. Terei todo o gosto em ler os novos escritores da esperança. ;)

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  2. Gostei muito...depois de uma tempestade vem sempre a bonança né ?

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